quarta-feira, abril 18, 2007

neutro

uma pedra lisa, raspada, polida pelo uso
uma lâmina romba, que perdeu o fio
um espelho embaciado, rachado
um disco riscado, empenado

será que este bater compassado
que já nada afecta
que já nada acelera
será que sou mesmo eu

uma recordação esbatida
um vapor suspirado
num passado já quase esquecido
já quase uma vaga lembrança

onde está o monstro
para onde escorreu a fúria
em que sono perdi o sonho
não passou assim tanto tempo

quando foi que te toquei
quando foi que te vi e abracei
já não me importo
nem com isso
nem com nada



2 comentários:

Tamia disse...

oh... :( é tão triste...

ananda disse...

Continuas a escrever lindamente. Adorei! Forte, arrebatador, como sempre...
Beijinho grande, amigo!