sexta-feira, setembro 14, 2007

r 23

nem no chão caminho
nem com asas me sustento
nem na alma acredito
nem o toque me aquece

marcada na carne faço
esta última sentinela
esfinge que espera no céu
pela subida das sombras

estátua de sal
tigre de cartão
homem de lata

terra descoberta
pelo toque recente
da chuva do final da tarde

segunda-feira, setembro 10, 2007

medo

medo

se a alma existisse
alimentava-se de medo
o medo leva à fúria
à raiva
à mentira

se a alma existisse
era essa satisfação cruel
que nos enche o peito
e nos faz sorrir
quando fazemos
criamos
causamos

medo

esse depravado prazer
temperado com lágrimas
dos outros
que cercamos
que matamos
que enganamos

medo

medo deles
medo meu
muito
muito

medo