quinta-feira, fevereiro 26, 2009

às vezes perco-me na quantidade brutal e furiosa da minha raiva e deixo de saber quem sou ou passo a ser quem sou, em toda a minha gloriosa força e veneno, uma parede em queda rápida

não sei

sei que tenho dificuldade em amar, porque quando amo o meu peito doí e cada palavra é arrancada como se uma silva se tratasse, como se cada respiração fosse puxada do fundo de um poço negro e pestilento

sei que não sinto desespero, porque não sei o sabor da esperança, como qualquer boa máquina avanço por dever, e porque posso avançar, e abro caminho com ambas as mãos, arrancando carne com os dentes

sei acima de tudo que não devo beber quando começo a ser eu, porque sou uma boa máquina, e as boas máquinas sabem o valor das consequências, e mesmo marcado e grisalho e partido sei, sei voar e bater e criar consequências

como se o sol não nascesse, como se não existisse amanhã

porque não vai nascer, sabes?

porque não há amanhã