não sei se o que escrevo satisfaz o que sinto
escrevo porque preciso tirar as facas dos dedos
preciso de tirar o veneno dos olhos
e por isso solto em páginas nuas
cicatrizes de crueldade e carinho
que não consigo mais suster
mas nestes dias cinzentos, de chuva gelada
torço os dedos e mordo os lábios
sinto o sangue fugir de mim pelos olhos
mas não solto nada
tento guardar dentro de mim cada olhar
cada momento de absurda claridade
como um pecado precioso
uma peça de um puzzle amado
ainda estou para perceber porquê
para perceber se assim conquisto alguma coisa
além do espaço interior alugado
por mais ou menos tempo
a raizes de plantas estranhas
que crescem na escuridão
e que sabem estranhamente bem