Mergulhar.
Sentir que o mundo acaba,
imerso no imenso silêncio
do frio e infinito horizonte azul.
Deixar-me lentamente cair,
procurando o fundo invisível,
até que os pulmões parecem
rebentar e me lembram bruscamente
que eu não pertenço aqui.
Por isso vôo para a superfície,
onde não há nenhum azul assim,
onde não há nem paz nem silêncio,
mas onde está, infelizmente,
todo o oxigénio.
4 comentários:
Este sentimento de falta de ar, quase que se parece com o sentimento de não pertencer a algum lugar.
Por vezes o lugar onde está todo o oxigénio não é de todo onde nós queremos mesmo estar.
Gostei muito!
Concordo com a Tânia. O querer algo que nos aniquila, mesmo que para nós seja belo e único, mas que sabemos que nos mata... como sempre, adorei o teu poema, e acho que isso diz tudo.
O mal que a água faz quando se afoga e o salva-vidas não está lá porque não o vemos...
Será mesmo infelizmente estar todo o oxigênio na superfície? Voltar à tona, ser orgânico, não será necessário para fazer parte do azul, ou querer, em algum sentido?
Bonito!
É engraçado como queremos sempre o que nao podemos ter. Não será isso que nos leva a não querer o que temos?
Enviar um comentário