Acho que és feita de luz
pelo modo como ela se reflecte casualmente
ao longo do teu pescoço,
dos teus cabelos,
do teu sorrir.
Mordes o lábio de baixo,
pequena menina num mundo de verde,
como que para o suster num sorriso solto,
num sorriso oferecido
com vontade,
com luz.
Amanheces de cabelo solto,
tão inalcansável, tão fugaz, tão livre e distante,
como a luz, amor, como a luz.
Vou ver se te apanho,
prender talvez num espelho, ou nos olhos,
nos olhos não, já me perdi nos teus.
E na luz me perco,
sorridente,
porque sei que és tu.
"Mas eu, sendo pobre, tenho apenas os meus sonhos; Espalhei os meus sonhos debaixo dos teus pés; Caminha suavemente, pois caminhas sobre os meus sonhos." W.B. Yeats
segunda-feira, agosto 21, 2006
segunda-feira, agosto 14, 2006
canção dos caídos
sei o que os meus olhos olharam
naqueles dias em que ainda via
em que lambi as nuvens de cinza
do fogo que então ardia em mim
carreguei caixas de madeira escura
para covas de terra a cheirar a chuva
enterrei pedaços queimados de mim
debaixo de cada tampa de pedra
não há mais fogo nunca mais
não há mais lágrimas para dissolver
nem mesmo a dor me embala o sono
e as recordações do riso e do sol
são sombras no nevoeiro sonhado
é por isso que canto esta canção
aos que caíram e partiram à frente
guardem aí o meu lugar, irmãos
nessa mesa de dores e sangue e saudade
que em breve também eu terei
um barco de madeira escura
debaixo de uma tampa de pedra
naqueles dias em que ainda via
em que lambi as nuvens de cinza
do fogo que então ardia em mim
carreguei caixas de madeira escura
para covas de terra a cheirar a chuva
enterrei pedaços queimados de mim
debaixo de cada tampa de pedra
não há mais fogo nunca mais
não há mais lágrimas para dissolver
nem mesmo a dor me embala o sono
e as recordações do riso e do sol
são sombras no nevoeiro sonhado
é por isso que canto esta canção
aos que caíram e partiram à frente
guardem aí o meu lugar, irmãos
nessa mesa de dores e sangue e saudade
que em breve também eu terei
um barco de madeira escura
debaixo de uma tampa de pedra
terça-feira, agosto 08, 2006
sem asas
Sem asas é mais fácil amar
Sem asas é mais fácil voar
Sem asas é mais fácil mentir
Sem asas é mais fácil fugir
Arranquei as minhas asas
Para as pôr a teus pés
E sem asas fico a ver
tu e as estrelas no céu
lá longe... muito, muito longe
E sem asas sorrio enquanto voas
E falas com as estrelas cadentes
que se enleiam no teu cabelo
Sem asas é mais fácil voar
Sem asas é mais fácil mentir
Sem asas é mais fácil fugir
Arranquei as minhas asas
Para as pôr a teus pés
E sem asas fico a ver
tu e as estrelas no céu
lá longe... muito, muito longe
E sem asas sorrio enquanto voas
E falas com as estrelas cadentes
que se enleiam no teu cabelo
terça-feira, agosto 01, 2006
entre beijos
... suspiras bem junto ao meu pescoço, o calor do bar acompanhou-nos até aqui, até esta porta semiaberta, até este degrau, montanha que conquistaste para partilharmos a luz desta lua mansa e parda, que se derrama lentamente dos olhos para os lábios...
... a carpete da sala abraça-nos o corpo quando o sofá nos cospe para o mundo, rebolando, bato de costas e os reflexos fazem-me rodar contigo nos braços, gaiola de carne protectora que te faço por instantes e instintos, pequeno pássaro de luz que és, guardada aqui nos meus braços...
... olhos nos olhos, corpo no corpo, o meu braço esquerdo sustém todo o meu peso, amanhã vai doer mas agora sustém-me, sustém o mundo, só para que a minha mão se passeie pelo canto do teu sorrir, só para que ela te afaste os cabelos pegados de suor da tua cara brilhante...
... o teu corpo sobe e choca de mansinho no meu a cada respiração que tens, as tuas pernas estão enleadas nas minhas, és uma trepadeira viva, a minha mão direita posou na curva da tua anca, seguro-te como se fosses uma viola, a tua voz murmura como a canção que o vento toca nas cordas...
... está calor demais para me afastar de ti, dormes pendurada no meu braço, a boca entreaberta faz-me querer beber mais, está calor, tenho sede, e a tua pele queima como o vento que me lambe a pele de dia, mas não me mexo, só a mão se mexe, quero beber dos teus olhos a luz que a lua oferece pela janela, afasto as tuas madeixas, vejo a fonte que nasce nos teus lábios, bebo uma última vez, e derramo-me nos sonhos escuros...
... a carpete da sala abraça-nos o corpo quando o sofá nos cospe para o mundo, rebolando, bato de costas e os reflexos fazem-me rodar contigo nos braços, gaiola de carne protectora que te faço por instantes e instintos, pequeno pássaro de luz que és, guardada aqui nos meus braços...
... olhos nos olhos, corpo no corpo, o meu braço esquerdo sustém todo o meu peso, amanhã vai doer mas agora sustém-me, sustém o mundo, só para que a minha mão se passeie pelo canto do teu sorrir, só para que ela te afaste os cabelos pegados de suor da tua cara brilhante...
... o teu corpo sobe e choca de mansinho no meu a cada respiração que tens, as tuas pernas estão enleadas nas minhas, és uma trepadeira viva, a minha mão direita posou na curva da tua anca, seguro-te como se fosses uma viola, a tua voz murmura como a canção que o vento toca nas cordas...
... está calor demais para me afastar de ti, dormes pendurada no meu braço, a boca entreaberta faz-me querer beber mais, está calor, tenho sede, e a tua pele queima como o vento que me lambe a pele de dia, mas não me mexo, só a mão se mexe, quero beber dos teus olhos a luz que a lua oferece pela janela, afasto as tuas madeixas, vejo a fonte que nasce nos teus lábios, bebo uma última vez, e derramo-me nos sonhos escuros...
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