sei o que os meus olhos olharam
naqueles dias em que ainda via
em que lambi as nuvens de cinza
do fogo que então ardia em mim
carreguei caixas de madeira escura
para covas de terra a cheirar a chuva
enterrei pedaços queimados de mim
debaixo de cada tampa de pedra
não há mais fogo nunca mais
não há mais lágrimas para dissolver
nem mesmo a dor me embala o sono
e as recordações do riso e do sol
são sombras no nevoeiro sonhado
é por isso que canto esta canção
aos que caíram e partiram à frente
guardem aí o meu lugar, irmãos
nessa mesa de dores e sangue e saudade
que em breve também eu terei
um barco de madeira escura
debaixo de uma tampa de pedra
2 comentários:
"que em breve também eu terei"
Ainda bem que o tempo é relativo!
Lindo! Mais uma vez sem palavras...
Beijos grandes!
Um barco como aquele em que enterrei o meu coração. Lá esperarei por ti. Está magnífico! Conseguiste!!! Parabéns, fofo!
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