olho as tempestuosas mãos como se nelas residisse realmente a minha salvação, como se pudesse rasgar o celeste cobertor cinzento de chumbo derretido e arrastar-me para o escuro conforto que reside detrás do céu
acho que só mesmo a chuva que cai me salva, deve ser de estar tão encharcado, nem sei se tremo de frio ou de coragem, tenho tanto sentir acumulado que tremo quando ele sai, quando a chuva me escorre das pontas dos dedos e o vento me enrola e dança comigo
sou uma pedra que anda, sou uma estátua flutuante
e não sei realmente o que fazer quando a barragem rebenta, quando as lágrimas que das nuvens caem me entram pelos olhos e puxam as minhas para o ar frio, ambas se misturam e me gelam a cara, parece que choro facas e respiro espadas, parece que os meus pulmões se enchem do sangue que me gela no copo todo
sou uma pedra que parte, sou ...
sei lá eu o que sou
sou um gajo encharcado, gelado e partido, e só me quero meter num mundo de vapor e lágrimas quentes e confortáveis com que o chuveiro me vai envolver, assim que chegar a casa
e aí, nos teus abraços, não me importo de não existir
5 comentários:
Aconteça o que acontecer, o que nós todos queremos mesmo é chegar a casa. Seja ela um lugar, um sentimento ou uma pessoa.
Comoveste-me.
;)
Afinal ainda estás vivo e bem vivo!
Adorei o texto! Está lindo e muito forte, como sempre. Aliás acho que essa seria a descrição perfeita...
Vê se passas no Sentidos, nem que seja para dizer olá.
Beijinho grande!
Muito forte e lindo!...
Como sempre.... ADOREI!...
Bjs***
a qualidade do texto é incomentavel, escreves com o coraçao nao com as maos!
Tudo o que é amor é assim, esquisito e possivel desde que seja nas maos amadas! quando amamos, somos!
rsrs, esse vc já tinha me mostrado e eu já opinei!
Aguardo o ´próximo!
Beijos! :)
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