segunda-feira, julho 30, 2007

Passaram muitos anos... bom, não foram assim tantos, mas vão-se acumulando e as pessoas que me conhecem insistem que me marcaste, que alguma coisa fizeste que me impede de amar, de sentir, de dar aqueles pequenos passos em frente a que normalmente se chama ternura.
Não sei se é verdade.
A minha voz da verdade, olhando-me do outro lado do copo de sangria, diz-me que procuro, que procuro ela não sabe, por isso é ela a voz da verdade, a verdade é que eu também não sei, nem sequer acho que realmente procuro.
Digamos que espero.
Sim, mas que espero eu?
Espero por ti?
Não, não espero por ti, nunca esperei por ti, nem no primeiro dia do fim guardei a mais leve esperança ou ânsia.
Será isso? Será que espero pela esperança?
Eu não sei.
E sendo realmente sincero comigo, olhando a minha ausência nos olhos, não me importo com isso. Não gasto uma merda de um segundo a saber o que aguardo.
Sei que virá, repentina como a manhã.
Sei.
E até lá espero.

segunda-feira, julho 09, 2007

se fosse sincero dizia-te o quanto me apetece matar-te
usar esta pedra no meu peito, negra e suja de sangue
para destruir a luz dos teus olhos, apagá-la para sempre

se fosse verdadeiro terias verdadeiramente medo de mim
saberias que nos meus olhos se escondem os passos escuros
as garras afiadas de quem te quer esmagar o pescoço fino

se eu fosse realmente eu quando eu estou contigo
verias o sangue dos teus lábios a bailar nos meus
o meu riso a aumentar com o medo dos teus olhos

se um dia eu amanheço como eu sou mesmo
beberei os tuas lágrimas misturadas com o teu sangue
desfarei o teu corpo por entre os lençóis da tua cama

apetece-me estragar-te
destruir-te
desfazer-te
amar-te