sexta-feira, abril 08, 2005

tudo

tudo o que sempre quis
foi sentir de novo o calor
despir a capa da tristeza
abrigar-me do frio

tudo o que procurei
nos corpos de outras
foi aquele calor puro
que levaste na mala

tudo o que olhei no céu
vazio de dia e de noite
foi aquelas noites passadas
a sonharmos agarrados

tudo aquilo que trocamos
sempre que os nossos olhos
se encontram por acaso
são venenos e ódios

tudo aquilo que matei
naquela noite quente
tudo o que não voltei
a sentir nunca mais

tudo tudo tudo
eu não sinto nada
nada
nada
nada

2 comentários:

Sophia disse...

Dizem que "não há luar como o de Janeiro, nem amor como o primeiro". Parece-me que o poema fala de um primeiro amor que levou a magia das ilusões, a inocência de apenas sonhar com os pecados e não pecar... agora, partido esse amor, fica o vazio que jamais será preenchido pois só se é ingénuo e inocente uma vez n(est)a vida. Curiosamente, parece-me que algo matou esse amor e a última estrofe assemelha-se mesmo a uma pistola. Coincidência? Ou foi essa pistola que matou esse amor?

Heavenlight disse...

Não será o nada sentir uma forma de sentimento também ela grandiosa?