tudo o que sempre quis
foi sentir de novo o calor
despir a capa da tristeza
abrigar-me do frio
tudo o que procurei
nos corpos de outras
foi aquele calor puro
que levaste na mala
tudo o que olhei no céu
vazio de dia e de noite
foi aquelas noites passadas
a sonharmos agarrados
tudo aquilo que trocamos
sempre que os nossos olhos
se encontram por acaso
são venenos e ódios
tudo aquilo que matei
naquela noite quente
tudo o que não voltei
a sentir nunca mais
tudo tudo tudo
eu não sinto nada
nada
nada
nada
2 comentários:
Dizem que "não há luar como o de Janeiro, nem amor como o primeiro". Parece-me que o poema fala de um primeiro amor que levou a magia das ilusões, a inocência de apenas sonhar com os pecados e não pecar... agora, partido esse amor, fica o vazio que jamais será preenchido pois só se é ingénuo e inocente uma vez n(est)a vida. Curiosamente, parece-me que algo matou esse amor e a última estrofe assemelha-se mesmo a uma pistola. Coincidência? Ou foi essa pistola que matou esse amor?
Não será o nada sentir uma forma de sentimento também ela grandiosa?
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