quarta-feira, março 02, 2005

A minha tinta


Abraço a minha dor
com tinta que retiro
da minha alma negra

Abraço o mundo
com a dor de saber
que é um abraço frio

Abraço a noite
pois só ela é negra
e fria como a minha alma

como a minha tinta

4 comentários:

Tamia disse...

Parece que ainda falta algo... será que da próxima vez vai ser a cores?
Bejos

Sophia disse...

Não concordo nada com o comentário anterior. Acho que não falta absolutamente nada. O poema transmite tudo o que tem de transmitir, permitindo, a quem o lê, a interpretação que lhe quiser dar. É um poema sobre sentimento, mesmo que esse seja o de nada sentir ou de sentir tudo e nada controlar. É um poema que parece dar a entender que há alguém que se procura e não se encontra e continua nessa eterna busca, tirando de si o possível, esforçando-se tanto que nada mais sai que tinta negra. Mas é essa tinta a necessária para transmitir o que sente e não entende. É um poema sobre uma alma, como muitas outras, em construção, e se dissramos que lhe falta algo, então seria o mesmo que dizer que não existe. Porém, existe o poema e esse não se escreve sozinho. Parabéns, Vítor! Não complicas nada, não usas "palavreado caro" e transmites muito sentimento e imagens visuais naquilo que escreves. Ah, adorei a foto! Muito a propósito (e com tatuagens impressionantes).

largerthanLIFE disse...

Velha é a ...bem, não interessa. Gosto muito de si, Sr. insano escritor e não uso máscaras quando o digo. Gosto de ler os seus progressos. Gostei da ideia. Acho que é temática cujas linhas se poderiam desenvolver em boa prosa. Ficarei à espera de ler mais. bj E. R.

Heavenlight disse...

É inevitável não me identificar com muitos destes poemas. Está patente uma sensibilidade especial, um modo diferente de ver o mundo a partir de um EU também ele diferente e especial.
A alma negra é uma alma que espera encontrar-se na luz mas simultaneamente se alimenta da própria escuridão. A noite é, sem dúvida, a sua forma de expressão mais sublime.