domingo, março 18, 2007

prisão transparente

Atiro-me contra as paredes de vidro
desta masmorra luminosa e quente
demasiado desesperado para temer
demasiado assustado para parar

O meu corpo, o meu espírito,
todo o meu incompleto eu
desespera por ar, desespera pela chuva
por ficar de novo cativo do vento nas árvores

Atiro-me novamente
banhado em sangue e suor
demasiado estúpido para desistir
demasiado cansado para respirar

O meus músculos tremem
o ar rasga-me a garganta
embato novamente nas paredes de cristal
sinto os ossos ranger
mas a transparente muralha nem se mexe

Olho parado o exterior
reparo agora
o vento navega pelas copas das árvores

tomo balanço e atiro-me novamente