terça-feira, abril 04, 2006

Estátua de Sal

Debaixo desta torrente de líquido quente que me escorre pelo cabelo para a cara, para as costas, para o resto do corpo, tento apagar o cheiro de ti, substituir o calor de ti pelo calor da água que o chuveiro vomita violentamente.
Viro a cara para cima, talvez olhando este mar fervente consiga apagar os teus olhos dos meus, mesmo assim, talvez mesmo com eles fechados, te consiga apagar, a água entra-me morna pelos lábios, recorda-me a tua língua, também a água dança na minha boca...
Entras neste mundo de vapor como uma avalanche morena, o teu cabelo apanhado no topo da cabeça, pareces uma medusa pronta a consumir o mundo, a transformá-lo em pedra, a mim transformas-me numa estátua de sal, sal que se tenta desfazer debaixo desta cascata antes que me desfaças tu com os teus lábios.
Agarras-me pelas costas, as formas do teu corpo frio coladas a mim como uma sereia a uma rocha fria da praia, cruzas as mãos no meu peito e cantas baixinho, encostas a cara ao meu coração, ouves o que sinto através das minhas costas, escondida da água e do mundo pelos meus ombros, a canção que me teces pergunta-me se há espaço para ti.
Meu amor, para mim não existem espaços sem ti.

5 comentários:

Tamia disse...

Que linda declaração de amor. Já a puseste em prática?

Heavenlight disse...

E na última frase está tudo dito. Lindo, como sempre!

Anónimo disse...

Ai, que lindoo!!
A última frase ficou linda mesmo! Nossa, amei! DEu até pra imaginar!
Gostei muito, muito mesmo! :)
Parabéns!

A. disse...

LINDO!!!!!!!!
E como isso é verdade.... Pena é quando não temos espaço.... Acho que isso diz tudo!
Bjs***

P.S.- Incrível como me deixas sempre a pensar.... Obrigada! =)*

Anónimo disse...

Sem comentários... não só a última frase, mas todo é texto está sublime!