terça-feira, junho 21, 2005

Hoje

Vi-te hoje outra vez e nada senti.

Senão talvez o incómodo sabor a ferrugem das lâminas que deixaste dentro de mim.

Ou talvez fosse do café, não sei.

Seja como fôr, hoje vi-te e nada senti.

Agora se me dás licença, vou para o espelho.

Tenho de treinar para me convencer melhor.

De que hoje, quanto te vi, nada senti.

7 comentários:

Anónimo disse...

Boa utilização de imadens e metáforas. É um texto muito rico de forma e significado.

Eva R

Vitor Soares disse...

Fixe, foi a primeira vez que usei imadens ;)

A. disse...

Muito bom! Gosto sempre muito dos teus poemas!
É tão bom quando nada sentimos! Espero que consigas... se for esse o teu caso!
Bjs***

Anónimo disse...

...imagens, Vi.
já o dedo não pode fugir para outra tecla ?!!! :>

Eva

Heavenlight disse...

Este poema resume aquilo de que me tentei convencer durante muitos anos, e por isso tocou-me de forma especial. Li-o ontem, mas fez-me pensar até hoje se neste momento eu consigo dizer que não sinto nada. Cheguei à conclusão de que o sentimento mudou, transformou-se em ódio, raiva, mágoa e desprezo, mas mesmo assim continua a ser forte. Embora consiga convencer-me - quando não penso nisso - de que nada sinto, acho que é impossível. Sente-se sempre qualquer coisa, mesmo que só o venhamos a descobrir assim, por acaso, ao ler um lindo e verdadeiro poema.
Acho que sentimos as coisas de forma muito parecida, e isso não é bom, porque assim descubro que infelizmente não é só o meu coração que se contorce pelas lâminas da memória.

MAR disse...

"...Houve alguém que te conheceu
Que te faz tremer ao passar
porque nunca a deixaste de amar...

Continuas a ensaiar
a conveniência do sorriso
o planear do improviso
que te faz sentir maior..."

Sophia disse...

Gostei da imagem do sabor a ferrugem das lâminas... até mesmo porque a cor da ferrugem é praticamente a cor do sangue. Adorei! Mordaz e directo!!! Congratulations!!!