quarta-feira, outubro 12, 2005

Vivo


Chove torrencialmente e nem me importo.
Só sei que me sinto vivo, neste exacto momento,
da madrugada pintada de cinzento sepultura.

Caminho de braços abertos e cara levantada,
deixando a chuva gelada escorrer pelo pescoço
e inundar-me de vida a alma ressequida.

Na luz matinal, a chuva parece chumbo derretido,
e eu riu alto demais nas ruas desertas cheias de lama,
porque a chuva chegou para me lavar os olhos.

O vento brinca com o meu cabelo encharcado,
e sinto, e espero, e desejo que me agarre as mãos
e me leva a passear no meio das nuvens negras.

2 comentários:

Sophia disse...

Oh, como o teu poema faz sentido!!! Também ando assim, meio dormente, meio vazia, meio ansiosa por viver... Lindíssimo, sem dúvida (o que a chuva não faz às cabeças!!!)

Tamia disse...

Finalmente uma mudança de tema!!!! Olha que contente eu fiquei! :):):)