segunda-feira, julho 17, 2006

Carne

O teu corpo brilha na noite, suave deusa de metal bronzeado, e as pingas de luz dos candeeiros reflectem o suor que se demora pelas curvas do teu corpo, pérolas perdidas que te abandonam.

O ar dentro e fora do quarto está apertado pelo calor, agarra o peito, agarra o pescoço e aperta, sufoca, é um ar morto que nos parece querer matar também, deve querer companhia.

As tuas mãos fervem no meu peito, como é possível estares mais quente que o ar, mais quente que eu, tens fogo nos olhos, esse teu fogo negro, emoldurado por uma chuva de cabelos dourados, pegados, suados.

Mordes-me o ombro quando me apertas o peito, parábola de vida és, misturas o bem com o mal, a dor e o prazer, aqui, neste quarto pintado de noite escura onde somos apenas carne, nós os dois, o mesmo suor, o mesmo ser, a mesma carne.

4 comentários:

ananda disse...

Bonito, forte, quente, carnal... Adorei! (como sempre)
Beijos, tarte!

Tamia disse...

gostei muito.
lembrei-me de um abraço, com tempo como este, com calor e com vontade de permanecer nesse abraço, como se o mundo não parasse, como se o mundo avançasse a uma velocidade estonteante à nossa volta, como se morressemos nesse abraço... apenas para descobrir que o tempo pouco avançou e que temos todo o tempo para nos voltarmos a abraçar.

Rakeru disse...

sem duvida é a prova da tua melhor escrita que tenho lido...:)
profundo, intenso, envolvente,
até eu respirei o ar quente k embalava esse quarto...magnifico

boa continuação*

A. disse...

Perfeito!
As palavras tão todas no sítio certo e são as palavras certas! =)
Gostei muito!
É bom ver-te a escrever assim...
Bjs***